Monday, January 22, 2007

Amigos e armários


Todos os escritores que se prezam escrevem sobre a amizade. Talvez por ser um tema menos batido que o amor ou talvez porque qualquer pessoa que saiba escrever deve escrever sobre os amigos que tem.
Quando era adolescente, isto é, no auge dos meus quinze anos, chorava baba e ranho porque não tinha amigos. Chorava horas no ombro da minha melhor amiga e ela no meu. Não tinhamos amigos, ninguem nos percebia, a vida era horrivel, as pessoas do lugar onde estavamos não prestavam para nada, etc. Quando tinhamos problemas com os nossos namorados a choradeira voltava, e diziamos chorosas, que se ao menos tivessemos amigos....
Entretanto tudo se passou na nossa vida, os namorados foram-se embora e vieram outros, as pessoas que não prestavam para nada foram saindo e outras chegaram, as notas foram melhorando ou piorando, e nós inevitavelmente fomos crescendo. Crescemos tanto mas tanto que até ficámos gratas de nós nunca nos termos separado.
A coisa boa é que, por pior que seja a idade do armário, acabamos por sair de lá. Não são os pais nem os rapazes giros que nos puxam para fora (e deus sabe como os pais tentam) mas é aquela amiga de combate, tao infeliz como nós, que acaba por nos obrigar a mexer (e o espaço dos armários é bastante restrito). E PUM, sai-se
Alguns anos depois, naqueles finais de dias, quando se chega a casa completamente de rastos, é bom saber que há alguem a barrar a porta do armário, não vá a gente querer entrar.
In the end of the day o que só as pessoas com muita sorte sabem, é que as tão badaladas Almas Gémeas não são sempre amorosas.
Sarah