Wednesday, February 25, 2009

Saída de Casa


O existir na vida é qualquer coisa de complicado. Ningém nos prepara, nem a melhor das educações, para o que vem fora de casa. Fora de casa o mundo é grande, vasto e estranho e o mais dificil é que fora de casa somos mudos e invisiveis. Não há desconto para a menina irreverente ou nervosa, ou qualquer coisa que a menina seja, porque lá fora há muitas meninas. Não é que não nos avisem dentro de casa para o que nos espera lá fora, mas regam sempre o final com sorriso e um chocolate quente (que é como quem diz uma coca-cola com gelo e limão), e a atenção volta para o que está em cima da mesa, para o cheiro familiar que nos envolve e para o olhar parado das coisas que já nem vemos de tão bem que as conhecemos.
Fora de casa temos saudades de todas essas coisas, e sabemos de cor, sem nenhum esforço de memória, todas as suas formas e características. Mesmo assim saímos de casa, deixamos tudo, não num acto qualquer de coragem, mas porque a saída é inevitavel. O desconhecido , o sonho e desejo ao que não conhecemos supera o amor à rotina diária, que julgamos conhecer, e vamos por aí felizes na nossa ignorância desfazer o paraiso com o fruto proibido.
Arrependidos, se voltassemos atrás fariamos o mesmo!

Thursday, February 12, 2009

A minha Caixinha



Eu tenho uma caixinha lá em casa, cheia de pó e coisas que tais, com a minha vida lá dentro. Tenho fotografias ainda muito novas para serem amareladas, cartas, umas de amor outras só de amigos, postais que fui recebendo dos meus dias de anos, bilhetes de festas, comboios, aviões, museus e cinemas, rosas secas e até uma beata de um cigarro (não sei bem porquê). De vez em quando, tiro a caixa do lugar limpo-a e acrescento-lhe mais coisas. Também tinha um diário e um album de fotografias que nunca cheguei a acabar, mas gosto mais da caixinha.
Um dia, quando for capaz, largo-a em qualquer lado, vou viver sózinha e não olho mais para trás.

Saudades Tuas

Para a Ana

Tenho saudades tuas e daquele tempo. Usavamos uma batinha verde e iamos dormir a casa uma da outra. A vida parecia simples e nós ainda não procuravamos respostas. Lembro-me de tua casa e dos pequenos almoços de bolachas, lembro-me da colecção Uma Aventura e que a tua preferida era em ''Evoramonte".
E depois crescemos, eu fui para o quinto ano e depois para o sexto, cada um deles com os seus dramas. Lembras-te da nossa primeira festa de finalistas e o que eu tive que implorar à tua mãe para te deixar ir? Ainda me lembro que foste à U2 comprar um conjunto de roupa preta e que até usamos rimel...bons tempos.
Mas o que eu tenho mais saudades e de viver os dias como viviamos naquele tempo, sempre à espera do próximo e do que ia acontecer depois. Macau parecia ter uma luz diferente e a Escola Portuguesa era o nosso mundo, para o bem e para o mal.
Entretanto foste-te embora e tantas coisas aconteceram, outras pessoas vieram e outras aventuras se passaram, mas all and all ainda tenho saudades de tuas e dos bons momentos que passámos juntas, com o teu irmão, o Pedro Pires , a Felipa Jales entre tantos outros.