Monday, June 18, 2007

Princípio de um Romance


Aqui na cidade das torres de babel, o cinzento do cimento perde-se de vista. Ao longe, por entre as ruas finas avistam-se ainda as casas vermelhas e amarelas, às quais o tempo húmido e quente foi roubando a tinta.
Por de trás das luzes ofuscantes e modernas das casas de jogo, num outro mundo, adivinham-se ainda os cheiros de toda uma vida que nem o tempo húmido e quente conseguiu apagar. A vida do sol brilhante, do barulho das peças de majong, dos passaros passeando vaidosamente nas suas gaiolas de madeira em dias claros, dos passeios calmos e serenos dos velhos vestidos de cabaias cinzentas e olhares sábios e dos juncos que, às vezes em dias de brumas, aparecem do lado de lá das núvens, a navegar nas águas prateadas do rio das pérolas.
A grandeza do Oriente romântico ainda está por aqui, sente-se em todo o lado se nos dermos ao trabalho de olhar para lá do fumo dos carros, dos bate-estacas e da confusão dos prédios altos. Uma grandeza que de tão estranha, me faz sentir em casa.