Thursday, June 05, 2008

POP Culture e afins




Houve tempos talvez, em que a POP culture, movida por interesses políticos e coisas que tais, representava ideias revolucionarias. Tudo passou a POP, a música, a arte e até mesmo a literatura. POP, ou popular, não era frívola nem desprovida de interesse e qualidade ,antes representava uma luta que a classe intelectual já cansada e velha precisava de ter com uma cultura de massas que por se-lo era não era menos nova, pujante ou cheia de coisas para dizer.

Algures no caminho alguma coisa se perdeu. Agora a arte da frivolidade aparente, deixou o "aparente" (e francamente a "arte") para ser simplesmente frívola. Agora já não se ouve música POP porque ela é diferente ou pujante, mas porque ela é fácil e está na moda. As cantoras e as bandas já não escrevem as músicas, elas são desenhadas por grandes empresas que sabem o que cativa as pessoas e os jovens. Perdeu-se a mensagem, o POP já está velho, corrompido e a precisar de reforma.

Mas nada disto é o pior ou o perigo da POP culture. O grande problema é que enquanto estamos muito divertidos na discoteca a dançar ao ritmo do R&B , dançamos e bebemos a coisas como "ma bitch" isto e "ma bitch" aquilo. Tratar as mulheres como a minha puta isto a minha puta aquilo, passou a ser cool. O RAP, que antes era música de intervenção política e social, agora passou a ser a música de homens grandes, vestidos com roupas 10 números acima que usam diamantes, compram muitos carros com spinners, e têm muitas mulheres boas que só vestem bikinis e sapatos altos e que não se importam de serem as "ma bitch" daqueles homens tão cool. Mas a verdade é que enquanto o pessoal curte a música e o ritmo estonteante a mensagem vai, infelizmente, passando. E passado pouco tempo já não são só os rappers que tratam as mulheres por putas, os filmes e eventualmente o público passam a fazer o mesmo.
A música, a arte e a literatura, mesmo que POP deviam servir para resolver os problemas sociais de uma classe que se exprime de maneira não intelectual... Quando é que passou a ser cool, denegrir a imagem da mulher, aplaudir as medidas políticas estranhas dos governos e aceitar o status quo?

Sou só eu ou a cultura POP vai ficando cada vez mais reaccionária enquanto nós o público alvo, vai ficando menos capaz de ver para além dos carros grandes, das mulheres boas, e ignorar coisas como messangens políticas bem disfarçadas de hollywood e afins? Não pretendendo substituir a cultura POP por nada vermelhinho ou de esquerda, é no entanto, mais que necessário abrir os olhos e fazer qualquer coisa.

PS: a autora deste texto não se veste de preto nem é hippie. Ouve Guns and Roses, usa sapatos altos e vê filmes e series até mais não.


"I am for an art that takes its forms from the lines of life itself,
that twists and extends and accumulates and spits and
drips and is heavy and coarse and blunt and sweet and
stupid as life itself."
Claes Oldenburg (about POP Art)

5 comments:

Anonymous said...

mai nada

Unknown said...

Eh lá! Isto é como ouvir o Kimil Sung a criticar as violações aos direitos humanos ou o realizador do 'Sexo e a Cidade' atacar a futilidade da sociedade de consumo. Mas não é o primeiro discurso sobre a violência e a humilhação impostas sobre a sociedade moderna às mulheres que eu te oiço proferir. Acho que se pode dizer que a tua cabeça que não condiz com o teu corpo.
Primeiro, o rap nunca foi inicialmente um estilo de crítica social. O rap começa antes dos stetsasonic, dos wu-tang-clan e de muitos outros nos bairros pobres de NY se porem a criticar a sociedade. O rap "engagé" é caracteristíco da costa Leste dos Estados-Unidos. Na costa Oeste foi sempre tudo muito diferente. Por estar próximo de Hollywood e da ostentação a ela associada, a cultura Hip-Hop fez questão de mostrar que também tinha dinheiro. Aquilo que hoje vês na MTV é apenas uma parte dessa cultura e é um resultado óbvio da emancipação rápida das comunidades negras.
E sinceramente acho-te de uma lata majestosa. Muito mais preocupante vejo as coisas como o 'Sexo e a Cidade', onde as mulheres são pintadas da forma totalmente fútil. Enquanto que não conheço muitas raparigas que se deixem tratar seriamente por 'ma bitch', conheço sim muitas raparigas que se deixam levar na sociedade de consumo com a ideia de que a porta do armário dos sapatos é a porta para a felicidade e que gastar todo o dinheiro possível da forma mais ostensiosa e fútil está ligado a algo de importante. Se as mulheres que andam por aí são como as do sexo e a cidade acho que bem que sejam tratadas por 'ma bitch', e as da MTV parecem-me à altura da denominação.
Há muito mais de errado naquilo que praticamos no dia a dia ao desejar tudo aquilo que não precisamos, do que um estilo de música ter video-clips com machões a exhibirem aquilo que o tão-socialmente envolvido rock sempre e tão somente quis: gajas e alcool.

Anonymous said...

Grande aula!
Verificar, contudo:
- ortografia correcta de Kimilsung ( ou será "KILL HIM SOON"?)
- Sapatos há muitos (chapéus nem tanto!)
- Cristo foi mais longe no ministério do despojamento e ainda se pôs atrás da "bitch"a quem queriam lançar a pedra!

makoka said...

Isto ja e a minha segunda tentativa, dado que o meu computador fez o favor de fazer desaparecer a primeira!

Comecava algo como “uii...que eu ja cheguei tarde demais”.

David, eu concordo com algumas coisas que escreveste, mas confesso que acho um bocado desnecessario. Especialmente tendo em conta que, na minha opiniao, voces estao os dois contra a dimensao exagerada que a sociedade deu a “POP culture”, se bem que acham que tenha vindo por meios diferentes. E portanto a critica ao RAP, esta talvez mais ligada ao facto de em tempos, mesmo que nao tenha sido o objectivo inicial, o RAP ter servido como um mecanismo de critica social, ao contrario de hoje que e apenas mais um tipo de musica para “abanar o capacete”! Mas se fosse so isso, so para o “abanar o capacete”, sem consequencias nenhumas... Mas muito ao contrario disso, tem fomentado uma cultura na qual e normal, e aceitavel, que as mulheres sejam vistas da maneira descrita no post!

Quanto ao sex and the city, as opinioes divergem! Eu pessoalmente estou em total desacordo contigo nesta area! Eu acho que o facto de as mulheres (e os homens!) quererem muito mais do que aquilo que precisam, neste caso os sapatos e roupas que tu descreves como acessorios futeis, veio primeiro, e o sex and the city depois. Primeiro a mulher comecou a ser vista como um objecto sexual, que veste sempre roupas provocantes a anda de sapatos altos. Primeiro houve os video-clips, e a MTV, e a cultura POP levada ao extremo. Primeiro veio toda a essa ideia da mulher como “gastadora e futil”. Ate porque antes disto tudo acontecer, a mulher teve que comecar a ter poder de compra!
O sex and city e talvez um retrato da sociedade em que nos comecamos a tornar. Uma sociedade em que uma “Carrie” que gostava de sapatos, ganhou a vida por ela (mesmo que a escrever livros futeis), e comecou a puder gastar mais dinheiro. Porque nao ves nenhuma delas enterradas em dividas de cartoes de credito, ou a irem pedir dinheiro aos maridos, ou a seduzirem homens so porque querem casar e ter filhos. E contra mim falo porque nem gosto muito da serie!

E por mais que haja muito mais de errado do que uns video-clips com “gajas e alcool”, a MTV e provavelmente dos canais mais vistos (nao sei bem como!), e a mensagem (como ja e mais do que obvio) acaba por passar! Claro que series como o sex and the city tambem podem ajudar.
Mas nao estamos todos a tentar passar a mesma mensagem, so com pontos de vista diferentes no que toca a como chegamos la?

Sarah Said said...

o rock quer gajas e alcool certamente, mas com estilo e um ar sofrido! :P