Wednesday, June 18, 2008

As Mulheres e o Sex and the City


Disseram-me (um homem), que pior do que as meninas dos rappers de vos falei do post anterior , eram as senhoras do Sex and the City. Segundo ele, estas senhoras são o cúmulo da futilidade. Sim, uma pode ser advogada, outra uma PR famosa, outra uma jornalista e ainda outra pode trabalhar numa galeria de arte, mas talvez porque se vistam bem ou se importem com a imagem tem direito a ser comparadas com as meninas que aparecem nos clips de R&B.
As personagens desta serie, apesar de terem muitas coisas irritantes, representam uma classe de mulheres instruídas, que enfrentam sozinhas o dia-a-dia. Ao contrário do que este meu amigo pensa, as pessoas podem aparentar uma certa futilidade sem o serem completamente. Aliás como disse a verdadeira cultura pop serve-se disso para, com uma luva branca, esbofetear a cara de intelectuais presunçosos. Assim, estes saltos altos são calçados com amor próprio um sorriso no rosto e com a cabeça bem posta no lugar. Nas prateleiras de senhoras como estas vêem-se não só sapatos caros mas também bons livros, o que não têm que ser sinónimo de sapatos rasos e caras desmaquelhadas.
A pop culture , com eu tenho a certeza que o este meu amigo sabe tão bem, é apologista da sociedade de consumo. É a ela que vai buscar os temas com que se inspira. O neon brilhante e as latas vermelhas de coca-cola chamam a atenção desta arte, que vive fascinada com o dia-a-dia, e a única coisa grave, é confundirmos isso com o descrédito total da cultura e a apologia do "fast food" cultural do "ma bitch".
Não tendo a cultura musical do meu amigo, tão mais sábio que eu, sei que houve pelo menos tempos em que o RAP foi usado para criticar a sociedade e que o Rock cantou sempre coisas mais interessantes do que "a minha puta", e por mais alcool e gajas sempre foi ou quis ser, underground.
E para concluir, antes mulheres com bons sapatos que machões de grandes carros, uns têm classe os outros são simplesmente...machões.

PS: Ninguém diz que os sapatos rasos não são igualmente elegantes :P

2 comments:

Unknown said...

Eu não fiz uma comparção entre as mulheres de um e as mulheres de outro. A influência do filme SATC e da MTV era a única coisa que eu estava a comparar. Porque para além disso contínua a existir música dentro da cultura Hip Hop de "intervenção". Mas como em geral as pessoas que fazem a música de intervenção são pessoas criativas, é normal que vão mudando o estilo musical em que o fazem, deixando o estilo para ser aproveitado noutros propósitos.

Isto não se trata de pretensiosismo intelectual nenhum. Eu vejo Friends, gosto de filmes de acção, até já vi o Hulk. Mas há algo de muito errado com quem vê o filme do sexo e a cidade (quanto à série não sei) e não joga as mãos à boca.
As actividades profissionais dela são um promenor no foco do filme. Mesmo que não fossem, não seriam uma desculpa para a futilidade de todas as questões centrais da metragem: ter um armário com muitos sapatos, um guarda-roupa no valor do orçamento anual de estado do Nepal e um casamento saído de um filme do Ben Affleck cheio de bouquets de dinheiro. O facto de exercer actividades intelectuais e de deter a independência financeira não impede em nada a futilidade. Aliás, a nossa sociedade, uma das mais produtivas em termos académicos é um brinde de futilidade.
Isto nem sequer afecta unicamente as mulheres. Apesar do filme ser descaradamente visado para mulheres ou seres aparentados, o filme para além de ser das malas Louis-Vuitton é também um filme dos fatos Armani, dos relógios Omega e dos BMW.
Não há mal em fazer cinema sobre a futildade ou em que a futilidade tenha uma presença vistosa. Há mal em apresentá-la como algo de profundamente vital quando de facto é a razão que todos convenientemente ignoramos por ter o mundo como está. Se eu vivesse no Afeganistão e o meu filho morresse porque não tinha 100 dolares para tratá-lo, e me mostrassem o SATC, onde um par de sapatos vale dezenas de vezes mais que a vida dele, não creio que alguém me pudesse criticar, sem hesitar, por rebentar uma bomba no metro dessa gente.
Mais deixei-me levar para longe demais. O filme é simplesmente mau. É de mau gosto, não apresenta nada no ecrã para além de patrocínios de marcas de luxo e a ostentação é tanta que é mais fácil gregar-se na sala de cinema que a ler Sartre numa montanha russa, com uma feijoada no estômago e uma mosca a fazer cócegas na garganta.

Sarah Said said...

Sim eu tambem acho que a sociedade afega e muito mais simpatica que a ocidental, e tenho a certeza que ha muitos meninos por essas bandas a ver sentadinhos (nas muitas televisoes e cinemas que nesse pais existem)o sex and the city.
Mas ns, nc vi o filme, mas nao me parece que algo seja pior que ler Sartre numa montanha russa (ou mesmo so sartre)
Mas o sex and the city era so um exemplo, o que eu queria mesmo dizer (n era so relacionado com hip hop) que passou a estar na moda estar em paz com o status quo, o que e sempre triste.