
O existir na vida é qualquer coisa de complicado. Ningém nos prepara, nem a melhor das educações, para o que vem fora de casa. Fora de casa o mundo é grande, vasto e estranho e o mais dificil é que fora de casa somos mudos e invisiveis. Não há desconto para a menina irreverente ou nervosa, ou qualquer coisa que a menina seja, porque lá fora há muitas meninas. Não é que não nos avisem dentro de casa para o que nos espera lá fora, mas regam sempre o final com sorriso e um chocolate quente (que é como quem diz uma coca-cola com gelo e limão), e a atenção volta para o que está em cima da mesa, para o cheiro familiar que nos envolve e para o olhar parado das coisas que já nem vemos de tão bem que as conhecemos.
Fora de casa temos saudades de todas essas coisas, e sabemos de cor, sem nenhum esforço de memória, todas as suas formas e características. Mesmo assim saímos de casa, deixamos tudo, não num acto qualquer de coragem, mas porque a saída é inevitavel. O desconhecido , o sonho e desejo ao que não conhecemos supera o amor à rotina diária, que julgamos conhecer, e vamos por aí felizes na nossa ignorância desfazer o paraiso com o fruto proibido.
Arrependidos, se voltassemos atrás fariamos o mesmo!